Os sensores de pressão dos pneus, conhecidos como TPMS (Tire Pressure Monitoring System), se tornaram obrigatórios em muitos países e vêm equipando veículos modernos no Brasil desde meados da última década. Eles têm a função de monitorar constantemente a pressão interna dos pneus e transmitir as informações à central eletrônica do carro ou diretamente ao painel.
Quando um sensor de pressão começa a falhar, o motorista pode enfrentar problemas como:
- Luz de aviso no painel acesa constantemente.
- Leituras incorretas de pressão.
- Desconforto e insegurança ao dirigir.
- Aumento do consumo de combustível e desgaste irregular dos pneus.
Para confirmar se o defeito realmente está no sensor e não no módulo de recepção, no chicote elétrico ou na própria válvula do pneu, um método eficaz é o teste com multímetro. Neste artigo, você vai aprender passo a passo como realizar esse procedimento corretamente.
Como funciona o sensor de pressão de pneus
O sensor TPMS pode ser de dois tipos:
- Direto
- Fica instalado na válvula de cada roda.
- Mede diretamente a pressão interna e envia o sinal por radiofrequência (RF) à ECU ou módulo de recepção.
- Indireto
- Usa os sensores de rotação do ABS para detectar diferenças na velocidade das rodas, inferindo se um pneu está murcho.
- Não mede a pressão em si, apenas variações.
👉 O teste com multímetro é válido para os sensores diretos, que possuem bateria interna e componentes eletrônicos.
Quando testar o sensor com multímetro?
O teste deve ser feito quando:
- A luz de pressão acende no painel, mas todos os pneus estão calibrados corretamente.
- O scanner OBD2 aponta falha de comunicação com um ou mais sensores.
- Há diferença entre a pressão medida manualmente e a mostrada no painel.
- O sensor foi recém-instalado e não está sendo reconhecido.
- Após troca de bateria do sensor ou tentativa de reaproveitamento de um usado.
Ferramentas necessárias
Para realizar o teste, você vai precisar de:
- Multímetro digital (preferencial para maior precisão).
- Chave apropriada para remover a válvula do pneu (caso precise retirar o sensor).
- Manual técnico do veículo ou do sensor (contendo valores de referência de tensão e resistência).
- Scanner OBD2 (opcional, mas útil para comparar leituras).
Estrutura básica de um sensor TPMS direto
Um sensor típico possui:
- Bateria interna (geralmente de lítio, 3V).
- Placa eletrônica com chip de radiofrequência.
- Elemento sensor de pressão (transdutor piezorresistivo ou capacitivo).
- Carcaça plástica selada.
A verificação com multímetro permite identificar:
- Se há tensão na bateria.
- Se o circuito apresenta resistência dentro da faixa esperada.
- Se há continuidade elétrica nos pontos de teste.
Passo a passo: como testar o sensor com multímetro
1. Remoção do sensor
- Desmonte o pneu da roda com auxílio de equipamento apropriado (caso o sensor esteja na válvula interna).
- Retire cuidadosamente o sensor, evitando danos na válvula ou na carcaça.
⚠️ Dica: em alguns casos, é possível testar a bateria sem remover totalmente o sensor, mas o procedimento completo é mais confiável.
2. Testando a bateria do sensor
- Coloque o multímetro na escala de tensão contínua (DCV).
- Encoste a ponta vermelha do multímetro no polo positivo (+) da bateria do sensor.
- Encoste a ponta preta no polo negativo (–).
- Verifique a leitura:
- Acima de 2,8V → bateria boa.
- Entre 2,4V e 2,7V → bateria fraca, pode causar falhas intermitentes.
- Abaixo de 2,3V → bateria esgotada, precisa ser trocada.
⚠️ Atenção: em muitos sensores, a bateria é selada e não pode ser substituída sem abrir a carcaça, o que compromete a vedação.
3. Testando continuidade do circuito
- Ajuste o multímetro para a função de teste de continuidade (ou escala de ohms baixa).
- Coloque as pontas nos terminais indicados no manual do sensor.
- O multímetro deve emitir um bip sonoro ou mostrar resistência baixa, indicando que o circuito não está aberto.
- Se não houver sinal, o circuito pode estar interrompido.
4. Testando resistência do sensor de pressão
- Coloque o multímetro na escala de resistência (Ω).
- Posicione as pontas de prova nos terminais do transdutor de pressão.
- Verifique o valor medido e compare com a tabela fornecida pelo fabricante.
👉 Exemplo típico:
- Sensor em repouso (sem pressão): 2,5 kΩ.
- Sensor sob pressão de 30 PSI: 2,0 kΩ.
- Sensor sob pressão de 40 PSI: 1,8 kΩ.
Se os valores não se alterarem com a variação da pressão, o sensor está defeituoso.
5. Comparando com scanner OBD2 (opcional)
- Conecte o scanner OBD2 e acesse a função de pressão dos pneus em tempo real.
- Compare a leitura do scanner com o valor esperado do sensor testado.
- Se houver divergência grande, mesmo com bateria e continuidade boas, o problema pode estar na comunicação via radiofrequência.
Erros comuns ao testar sensores TPMS
- Usar escala incorreta no multímetro
- Medir resistência na escala de tensão pode danificar o componente.
- Desmontar o sensor sem cuidado
- Muitos sensores são frágeis e não suportam impactos.
- Não consultar valores de referência
- Cada fabricante define uma faixa de resistência e tensão diferente.
- Pressurizar o pneu de forma incorreta
- O teste deve ser feito com pressões seguras e dentro da faixa recomendada.
- Acreditar que toda falha está no sensor
- Em alguns casos, o problema está no módulo receptor ou na antena do sistema.
Cuidados extras para preservar os sensores
- Sempre calibrar os pneus na pressão correta.
- Evitar produtos químicos agressivos que possam corroer a válvula.
- Revisar periodicamente os sensores durante a troca de pneus.
- Não desmontar o sensor sem necessidade.
- Trocar a bateria quando indicado pelo fabricante (quando for substituível).
Vale a pena trocar ou recuperar o sensor?
Na prática, muitos sensores TPMS são vendidos como descartáveis, já que a bateria é selada. No entanto, existem oficinas especializadas que conseguem abrir o sensor e substituir a bateria, mantendo a carcaça vedada.
👉 Custos médios:
- Troca de bateria em oficina especializada: R$ 80 a R$ 120.
- Sensor novo original: R$ 200 a R$ 400 cada.
- Sensor paralelo/programável: R$ 120 a R$ 250.
Se o sensor apresentar defeito no transdutor de pressão, a substituição completa geralmente é mais viável.
Conclusão
O sensor de pressão de pneus é um aliado fundamental para a segurança e a economia de combustível. Quando ele falha, o motorista perde um recurso essencial de monitoramento em tempo real.
O teste com multímetro é uma forma prática e confiável de identificar problemas relacionados à bateria, ao circuito ou ao transdutor de pressão, permitindo que o mecânico ou entusiasta automotivo decida entre calibrar, recuperar ou substituir o sensor.
Seguindo o passo a passo apresentado — desde a medição da bateria até a comparação com valores de referência — é possível evitar diagnósticos equivocados e economizar dinheiro em trocas desnecessárias.
Em resumo: com um simples multímetro e atenção aos detalhes, você pode avaliar com precisão a saúde do seu sensor TPMS e garantir que seus pneus estejam sempre rodando na pressão ideal.